Nesses longos dias
Nos longos dias da tua ausência, em que as lágrimas nos mergulham em negrume, num vazio que nos queima a alma e perpétua a possibilidade de uma perversa dor que corroi interiormente, espelhando no rosto o tumulto que nos assola. Nos longos dias da tua ausência, em que o astro rei nos banha de luz, e em que nos escondemos sob negras cortinas, a saudade aperta porque te encontras em parte incerta, porque te perdeste, e nos perdemos numa brevidade que se mantém. Nos longos dias da tua ausência, o coração aperta em cada esgar de dor que cobre o teu rosto, e me aperta a garganta como um cruel punho que asfixia sem ceder. Nos longos dias da tua ausência, o sangue torna-se em agua negra que vai e vem em cada ribombar, e nos cobre o olhar de uma solidão de treva. Nesses longos dias em que não estás, ardentemente desejo que regresses de vez, que estes negros dias se transformem numa curta neblina e que o astro rei breve nos aque...