Crónicas Quase Marcianas - Eduardo Lourenço, uma opinião
(...)Posso então deitar-me ao pé do teu retrato,
entrar dentro de ti como num bosque.(...)
entrar dentro de ti como num bosque.(...)
Eugénio de Andrade - as palavras interditas
Eduardo Lourenço era (é) para mim um nobre desconhecido do pensamento português, que tive o gosto de ter um vislumbre no episódio ímpar passado na RTP em horário nobre, há uns meses acerca da obra O Labirinto da Saudade.
Nesta obra quase marciana, que hoje revisito, o autor conduz-nos por crónicas "avulsas " publicadas na revista Visão entre 1993 e 2007. Disserta sobre a Portugalidade, os lugares incomuns do ser pensante e o seu ponto de vista e estar no mundo que domina.
Apaixonante é verificar reflexões de há 20 anos sobre a direita Francesa e á distancia perceber o quão certo estava;o olhar para o legado de Mário Soares, o papel da morte de Amália na sociedade portuguesa, o misto de alegria de um Nobel do mestre Saramago ou a indiferença detratora de uma certa classe política dominante á altura; temas tão mundanos ou pueris como o futebol e a luta de titãs de um Portugal - Espanha; dissertações sobre poesia também têm lugar, bem como o papel da América no mundo, ou até questões de marxismo alegórico, bem como a navegação por uma turbulenta Europa.
De uma simplicidade tamanha que nos entra pelo cristalino dos olhos, Eduardo Lourenço, conduz-nos a um caminho de pensamento livre, onde a fronteira é algo indistinta.
Imperdivel, inadiável e urgente a sua revisitação.
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