As Gèmeas do Gelo - opinião (a minha - leia-se)
Entra-se no livro de Tremayne como se entrasse dentro de um bosque.
As Gémeas do Gelo tornam-se a cada linha um livro delicioso de ler que nos transporta a uma abstração saudável numa Escócia como a imaginamos, selvagem, agreste, onde a sobrevivência impera por força dos elementos e se a história não fosse boa (muito boa!) já por aí se absorvia aquelas, temperaturas, cheiros e cores...
Versa sobre a vida de um casal e das suas gémeas idênticas e sobre a tragédia da perca de uma das crianças. Kirstie e Lydia são o foco central por e por quem aquelas palavras se desenrolam. A morte duma gémea traz uma tragédia a uma família cuja destruturação já tinha sido atingida pelo passado ancestral de cada pai. Por um lado o abuso de álcool do avô materno ou a vida de sobrevivência de Angus (pai das Gémeas) já em si constituíam rastilho para uma vida na corda bamba de um casal aparentemente bem sucedido profissionalmente vivendo em Londres num bom bairro com todo o conforto que isso tem.
Quando a rotina se instala e os fantasmas do passado surgem a vida de Angus e Sarah entram numa espiral de caos que atinge o auge aquando da morte de uma das suas crianças. Aí a depressão conduz a atos menos refletidos de ambos até que decidem um fresh start e partem para a Escócia, onde tudo fica mais confuso, triste e depressivo. A tragédia assola cada diálogo, cada vivencia da gémea sobrevivente, cada olhar e daí ao caos absoluto é um passo misturado com os agrestes elementos do sitio que escolheram para viver.
O fantasma da Gémea é personagem constante na vida da família e determina o destino de cada elemento daquela família - a separação, os desentendimentos, os equívocos, a má receção na escola nova, a luta pela sobrevivência de cada um e inclusive Beanie (o cão da família) sofre com isso.
Este para mim é um livro certo na altura certa - amei cada frase e espero voltar a ler algo mais deste Senhor...
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